Arquiteta vai usar conceito de caminhabilidade para dar notas às calçadas de Florianópolis

16/04/2012

As cidades têm um espaço físico limitado. Com o passar do tempo, enquanto praças e espaços públicos dão lugar a postes, casas e edifícios, ruas e avenidas vão sendo tomadas por cada vez mais carros, motos e caminhões. O desenvolvimento faz com que os veículos tornem-se cada vez mais velozes e os espaços ainda mais apertados, deixando de lado aquele que é o mais antigo e cada vez mais esquecido modo de locomoção: usar os próprios pés. Caminhar dentro de uma cidade tornou-se difícil, e é por isso que foi criado o conceito de walkability, ou caminhabilidade. 

Surgido no Canadá, o conceito de índice de caminhabilidade urbana pretende dar uma nota, de zero a dez, para o quão "amigável" é a calçada ou o passeio público para com o pedestre. Essa nota abrange desde a acessibilidade e o espaço físico disponível até a presença de obstáculos e o nível de segurança no local. Uma calçada esburacada, mal sinalizada e com postes de energia no meio do caminho, por exemplo, receberia uma nota de baixo valor. Mas a ideia de caminhabilidade é ainda mais ampla, e tem como objetivo principal tornar as cidades mais humanas. 

Os próprios níveis de poluição visual e sonora são avaliados pelo conceito. Ainda que seja segura e bem sinalizada, uma calçada adjacente a uma avenida de alta velocidade e assolada pelo barulho de buzinas e freadas não é considerada amigável para um pedestre transitar tranquilamente e, portanto, não teria uma nota alta. De uma forma rude, pode-se dizer que um passeio público com alto índice de caminhabilidade é aquele que "faz um convite à caminhada", como definiu o engenheiro civil Roberto Ghidini, um dos fundadores da ONG Sociedad Peatonal (SP), destinada a melhorias nas calçadas urbanas. 

Em breve algumas calçadas de Florianópolis receberão suas primeiras notas de acordo com a ideia de caminhabilidade. A arquiteta Camila Zabot está aplicando o conceito à capital de Santa Catarina para desenvolver uma tese de mestrado, que será apresentada no início de 2013 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): "Quis trazer o conceito para cá após algumas viagens. Em Barcelona, por exemplo, o índice de caminhabilidade é ótimo", explica a arquiteta. 

Fatores como o material utilizado na construção do piso, a largura da calçada e a quantidade de residências que circundam a área são alguns dos critérios a serem avaliados por Zabot. Segundo ela, a princípio apenas as regiões próximas à UFSC serão focadas para o estudo. A partir daí é possível que, num futuro próximo, toda a Capital possa ser mapeada com relação ao índice de caminhabilidade urbana. 

Duplicação no Pantanal - Professor da UFSC defende criação de comissão para solucionar falhas no projeto

12/04/2012

Para Lino Peres, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, obra deve ser discutida abertamente com Prefeitura e comunidade 

Não será fácil a solução do imbróglio que envolve a duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira, no bairro Pantanal. Após a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vetar a liberação de 18 mil metros quadrados do campus estudantil para que a obra seja realizada, a Prefeitura de Florianópolis reagiu com fortes críticas à entidade. A pressão sobre a UFSC aumentou após a Prefeitura divulgar na íntegra o projeto que detalha as mudanças a serem feitas na área, assolada por intermináveis engarrafamentos. 

O projeto em questão, no entanto, é justamente o motivo para o Conselho Universitário da UFSC ter vetado a cessão do terreno. Isso porque, segundo especialistas em mobilidade urbana e professores ligados à entidade, o projeto desenhado em 2003 está defasado e não solucionará o problema da falta de mobilidade na região central da Ilha de Santa Catarina. "Estamos envolvidos nisso há mais de dez anos, desde a prefeitura da Ângela Amin, quando não havia recurso para a realização do projeto", explica o professor Lino Peres, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, que completa: "Essa é uma proposta recuada da proposta original".

Políticos envolvidos com a duplicação não aceitaram a explicação dada pelo Conselho Universitário e reagiram. O Vice-Prefeito e Secretário de Transportes, Mobilidade e Terminais, João Batista Nunes, classificou como irresponsável a recusa da UFSC em ceder o terreno, enquanto o Deputado Estadual Marcos Vieira (PSDB) declarou que pretender criar um projeto de lei que obrigue a universidade a devolver a área requisitada ao Estado. Especialista em Sistemas Inteligentes de Transporte e professor de engenharia e controle de automação na UFSC, Werner Kraus Júnior rebateu as acusações: "Não estamos em guerra com a Prefeitura, o que queremos é um projeto mais consistente".

Segundo Lino Peres, o próximo passo a ser tomado é formar uma comissão de especialistas que irá analisar o projeto da Prefeitura e contribuirá com sugestões para solucionar os pontos falhos. "Essa mudança precisa ser discutida abertamente", diz o professor de arquitetura. "A universidade não vai se negar a ajudar a solucionar a questão, mas é obrigação da Prefeitura assumir seus compromissos". Ainda de acordo com Peres, a ideia é que a própria Prefeitura apresente um ou mais especialistas para fazerem parte da comissão, juntamente com pessoas ligadas à universidade. "É preciso ver se a Prefeitura está disposta", finaliza. 

Duplicação no Pantanal - Vice-Prefeito defende projeto apresentado pela Prefeitura: "Está tudo dentro das normas"

30/03/2012

Na manhã desta sexta-feira, dia 30, foi apresentado no Gabinete da Prefeitura de Florianópolis o projeto de duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira, no bairro Pantanal. A obra vem sendo alvo de polêmica nas últimas semanas devido a um desentendimento entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que reluta em ceder o espaço necessário para a obra, e a Prefeitura. Além do Prefeito Dário Berger, estiveram presentes no evento o Vice-Reitor da UFSC, Carlos Alberto Justo, e o Vice-Prefeito e Secretário de Transportes, Mobilidade e Terminais, João Batista Nunes. 

A UFSC argumenta que o projeto da obra, que consta no Plano Diretor da cidade desde a década de 70 e que foi rediscutido e finalizado em 2003 pela empresa PROSUL, está defasado e não resolveria o problema da falta de mobilidade na região central da Ilha. A universidade quer que um novo projeto seja desenvolvido para, aí sim, ceder 18 mil metros quadrados do campus para a realização das modificações. A Prefeitura não aceita a explicação da UFSC e deseja a cessão imediata do terreno. 

"Nós apenas mostramos para a cidade um projeto que já foi amplamente discutido e que está completo: ciclovias, sistema binário, licença ambiental, tudo está dentro das normas", declarou o Vice-Prefeito João Batista Nunes, em entrevista ao portal MObfloripa. Orçada em R$ 6 milhões, a duplicação compreenderia um trecho de cerca de 1 km entre a Eletrosul e a entrada do bairro Córrego Grande, e incluiria ainda a instalação de ciclovia, canteiro central e uma faixa exclusiva para o trânsito de ônibus. 

Na semana passada, o Conselho Universitário da UFSC divulgou um parecer reforçando que não cederá a área solicitada enquanto não for criado um novo projeto. Questionando o porquê da universidade não apresentar por conta própria um projeto executivo superior, o Vice-Prefeito defendeu o projeto da Prefeitura: "É uma obra que prioriza principalmente a universidade, a comunidade e, acima de tudo, a cidade. Vai melhorar em tudo o trânsito na região e trará um benefício enorme até para a saúde das pessoas".

O próprio Vice-Prefeito, no entanto, não demonstrou otimismo quanto a um avanço na negociação: "O Vice-Reitor esteve presente na reunião e fez as ponderações necessárias, agora estamos aguardando um novo contato da UFSC. Mas seria um erro meu dizer que 'agora vai'. Vamos aguardar", encerrou.